Bolo Rei Bestial.
Tenho de confessar que comer uma fatia de bolo rei me dá um prazer delicioso. Não é pelo facto de ser um bolo, de ser doce ou ter frutas cristalizadas.
O que, realmente, me dá prazer é comê-lo aos pequenos pedaços, arrancados com os dedos e seleccionando todos os tipos de fruta. Detesto casca de laranja e passas.
E é um prazer tão simples como este… comer pequenas beliscadelas de bolo rei, saboreando apenas só as frutas que aprecio.
E agora vem o leitmotiv deste post. O que descrevi acima foi apenas um pequeno prazer secreto que partilhei convosco.
Há uns anos atrás decidi fazer um bolo rei. Seleccionei as melhores frutas – as que mais gosto, claro – arregacei as mangas e deitei as mãos à massa literalmente.
Preparei a massa com toda a sapiência e prazer, juntando todos os ingredientes metodicamente e seguindo a receita à risca.
Dei forma à massa, depositei-a no tabuleiro que a levaria ao forno, enfeitei-a com frutas e açúcar por cima e foi para a cozedura.
Quase de minuto a minuto, passava pelo forno e espreitava pela janelinha para observar o meu primeiro bolo rei, a minha obra de arte tão orgulhosamente concebida.
O bolo nunca mais estava pronto mas crescia a olhos vistos. Eu informava, com vaidade, a minha mãe que o bolo estava a ficar grande e bonito. Mas secretamente começava a desenvolver alguma preocupação.
Os minutos passavam, o bolo crescia e ultrapassados os minutos recomendados, fui espetar o palito para averiguar o estado de cozedura.
Ia tendo um chilique. Ah pois ia… é que o bolo cresceu tanto, tanto, que galgou as paredes do forno, tornando-se este exíguo para um bolo rei bestial.
Retirei-o do forno, chamei toda a família e mostrei o resultado final. O que iria ser um bolo rei vulgar – vulgar não, porque foi feito por mim - transformou-se numa enorme roda de tractor.
Mas que estava saboroso, estava! Isso vos garanto!